Esta semana, na nossa série Fotografia e Arquitetura queremos mostrar o trabalho do fotógrafo argentino Alejandro Peral. Seu trabalho se concentra na fotografia de arquitetura, entretanto dentro de seu currículo encontram-se uma série de retratos, ensaios e publicações, fora um trabalho constante em revistas e jornais. sua fotografia de arquitetura caracteriza-se por capturar a essência dos espaços, algo capaz de dar uma importância ao estar e ao como se vive nos lugares. antes de fotografar, Alejandro Peral põe atenção especial ao diálogo com o arquiteto e aos habitantes do espaço construído. A seguir os deixamos com uma compilação de algumas de suas melhores fotografias de arquitetura.
1. Quando e como começou a fotografar arquitetura?
Desde que comecei a interessar-me pela fotografia sem saber que seria minha profissão, gostava olhar e fotografar arquitetura. Dentro desta atração por séries que nós fotógrafos temos, eu no início fazia séries de fotos de edifícios racionalistas que encontrava caminhando pelas ruas de Buenos Aires. Meu primeiro projeto publicado se chama “Portas Adentro”, é um trajeto pelo interior de casas de gente que eu ia conhecendo a medida que avançava com o projeto onde o que me interessava observar é a maneira que cada um tem de dar identidade ao seu espaço mais íntimo de vida, através dos objetos, cores, texturas e a disposição de todos estes elementos na arquitetura de seu lar.
Me interessa muito a relação do espaço que habitamos com nossa identidade e poder observar e aprender a aprtir disso continuamente. O passo a dedicar-me profissionalmente a fotografia de arquitetura e interiores foi então algo que se deu naturalmente, por gosto e afinidade com o tema.
2. É arquiteto?
Não, não sou arquiteto. Me apaixona a ideia de “construir”… construo fotografando, principalmente, arquitetura.
3. Por que gosta de fotografia de arquitetura?
Desfruto muitíssimo fotografando arquitetura. Em geral é um trabalho onde a própria pessoa deve gerar o ritmo e controlar os tempos já que disto depende que as imagens saiam bem e possam transmitir o que esta pessoa vê e sente em cada situação.
Gosto de poder realmente “estar” e desfrutar da arquitetura para tomar uma boa imagem… o processo de busca das fotos começa com o primeiro diálogo com o arquiteto. É fundamental primeiro escutar o relato do arquiteto acerca de sua obra, como foi concebida e logo executada, os detalhes, materiais, espaços, cores, vistas, etc, para logo começar a busca de imagens que transmitam o essencial da obra e como se vive nela. Gosto de caminhar com tranquilidade pelo lugar a ser fotografado, ir vendo a luz, os materiais, os espaços…. logo, naturalmente surgem os ângulos interessantes, os momentos de luz… é um processo gradual, para mim muito prazeroso. Além disso me entusiasma ter a certeza de que ao fotografar arquitetura estamos retratando uma época, documentando um momento e uma maneira de projetar, construir… enfim, de viver.
4. Arquiteto favorito?
Não poderia nomear um arquiteto favorito dentro do que conheço a partir de livros, e demais meios gráficos… poderia mencionar por experiência própria, em uma combinação de admiração pela obra e a pessoa do arquiteto Andrés Remy. Tenho a sorte de trabalhar com ele e sua equipe faz um tempo e realmente aprendo muito vendo e fotografando todo o processo de concepção e construção de suas obras.
5. Obra favorita?
O conhecimento que eu tenho de arquitetura esta formado principalmente através da fotografia, dos fotógrafos de arquitetura, sendo minha referência mais importante o fotógrafo americano Julius Shulman. Se é que que tivesse uma obra favorita estaria dentro da arquitetura residencial da costa oeste americana (anos 40 e 50). Tenho uma atração pelas obras pequenas, casas particulares colocadas e conectadas intimamente com a natureza e a paisagem. Obras de Neutra, Koenig, etc.
6. Como trabalha?
Trabalho com estudos de arquitetura fazendo principalmente fotos de obras concluídas mas também processo e maquetes. Me interessa a realização de livros de arquitetos e desde faz algum tempo estou oferecendo a produção de livros aos estúdios. Entendo que é uma maneira para o arquiteto de ter documentado e ordenado visualmente seu trabalho a medida que cresce a obra. Se, além disso, meu olhar através das fotos gera uma reflexão e ajuda a aprofundar a percepção da obra, a satisfação é enorme. Trabalho também de forma independente com revistas e jornais locais. Faço parte de uma agência italiana (Living Inside) que procura publicar notas de interiores e arquitetura em meios europeus especializados.
7. Que equipamento e software usa?
Uso equipamentos Canon (digital) com lentes angulares e longas, com movimentos tilt-shift (descentralizada). Para a pós produção, Photoshop.
